A tarde, e por de mais calma, Afogou-me o que ficara da partida Tudo que inventara, essa mentira querida Que ficara fazendo as vezes da alma. Passa e segue a triste gente calada E o correio e a luz quebrada no muro Trazem a tarde, recortando duro O perfil triste e morno desta minha estrada. E choca e vem de mim até ao céu polido Liso e puro e sempre igual estendido Sobre mim e a rua desolada, Uma ilusão que nada tem de alada E é feita de aço puro e diamantes: Não querer tornar-me no que era dantes. José Blanc de Portugal
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