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A mostrar mensagens de 2007

** RESPEITO **poema de VITOR CINTRA

Pelas beiras dos caminhos Sabe Deus quantos velhinhos Andarão neste Natal, Sem que o mundo à sua frente Lhes prometa que o presente Não será sempre o normal. Quando o hoje é semelhante Ao passado, já distante, Como o ontem foi igual, O futuro não existe Num presente, que é tão triste, Sem prever melhor final. O saber de muitos povos Determina que os mais novos Reconheçam no idoso, Na velhice, ter direito A viver com mais respeito E uns anos de repouso. Mas serão tão atrasados Esses povos, apontados Como gente mais selvagem?... Ou será que o ocidente, Se tornou tão indif'rente, Que resusa aprendizagem? ... VITOR CINTRA " Relances "

* TEUS LÁBIOS * poema de VITOR CINTRA

Teus lábios carnudos, Macios, veludo, Poemas de cor, Ainda que mudos Revelam, em tudo, Desejos, ardor; Em tempos tristonhos, Por falta, suponho, Das juras de amor, Teus lábios risonhos, Despertam o sonho, São beijos de flor. VITOR CINTRA do livro " Murmúrios "

SIDÓNIO BETTENCOURT poema " RESIGNAÇÃO "

O tédio esta manhã, a ilha descoberta trazendo o mesmo cheiro amargo. a atmosfera sem pintura.o navio.o mar ao largo. o voo da gaivota sem ternura lá vão a carroça, a bilha do leite, o cão, a missa, o vapor, tudo aceite O vulcão em banho de broa. o amor apertado na lança. cantarei contigo sempre à toa do lado azul da esperança. Lá vão a carroça, a bilha do leite, o cão, a missa, o vapor, tudo aceite raiz em envelope fechado. sagrado, feito emoção. isto não tem fim, não... no meio o mar, o grito. a balada. a força da razão lá vão a carroça, a bilha do leite, o cão, a missa, o vapor, tudo aceite. Sidónio Bettencourt Do livro " Deserto de Todas as Chuvas "

HORAS RUBRAS poema de Florbela Espanca

Horas profundas, lentas e caladas, Feitas de beijos sensuais e ardentes, De noites de volúpia, noites quentes Onde há risos de virgens desmaiadas ... Ouço as olaias rindo desgrenhadas... Tombam astros em fogo, astros dementes. E do luar os beijos languescentes São pedaços de prata pelas estradas ... Os meus lábios são brancos como lagos... Os meus braços são leves como afagos, Vestiu-os o luar de sedas puras ... Sou chama e neve branca e misteriosa... E sou, talvez, na noite voluptuosa, Ó meu Poeta, o beijo que procuras ! Florbela Espanca

CEGUEIRA DA AMOR de Meleagro (sec.II-I a.C)

Um caso singular mas sempre verdadeiro: se poiso em ti o olhar -abranjo o mundo inteiro ! ... Porém, ó fado torvo e prepotente, porém, ó sorte perra e negredada, se tu não vens, e passa toda a gente, Cego de repente - Já não vejo nada! ... Trad:Augusto Gil

Daniel Gonçalves do livro
* O AFECTO DAS PALAVRAS *

Se precisares de mim estou sob o teu ventre trazendo da terra a água para o teu coração quero que respires como a nossa ameixieira e como ela te ergas sobre o rosto da manhã quero que ouças o meu sangue dentro de ti como um relógio marcando o pulso da sede e que nesse sopro de música saibas o amor e nem uma palavra te atravesse a respiração DANIEL GONÇALVES ilha de S. Maria - Açores

Coisas de Chat

Recebido por e-mail Oi, quer teclar? Podemos tentar... De onde você é? Quantos anos? O que faz? Do que gosta? Nossa... quanta pergunta! Tudo bem, eu exagerei, acho que lhe assustei. Aí eu conversei com ele... um dia, dois dias... um ano... Um verão... um outono... Era pela manhã no começo... depois viramos tudo pro avesso Era de tarde... de noite... de madrugada, Não tinha mais hora marcada. Eu corria pro computador e quando não o encontrava... Ai que dor! Eu gostava das suas palavras... Até daquela risada que eu não podia ouvir, Mas que o meu coração podia sentir. Oieeeeee... tava te esperando!!! Oi amor... eu tava trabalhando Escrevi uma coisinha pra você, quer ver? Claro, pode mandar, eu sei que vou gostar. " Quando amanhece o dia e você não vem, O meu sol não brilha e eu choro pela falta da sua companhia." Ah... que lindo... tô aqui lhe sentindo! Como o amor virtual... não tem igual A gente diz tudo que pensa, tudo que precisa, Tudo que é permitido e até o que é proibido.

SELO DE AMOR poema de GUEVARA ( séc.XV)

Aquelas noites penosas meditando em bem amar-vos, com palavras dolorosas eu jurei nunca deixar-vos: estando neste dulçor de agradável pensamento, eu não tendo mal de amor selei este vencimento. Eu selei em vós vencer-me, não me vencer por errores, e selei, selei perder-me por vossos lindos amores: e selei obras iguais ao meu viver, e selei que nunca mais, nem dos males, me arrepender. E selei sempre seguir-vos, pelo não, não ser queixoso, e selei, meu bem, servir-vos, de bom grado, o mais gracioso: e selei a morte e a vida sendo contente e loução, selei que a minha ferida merecesse a vossa mão. E selei suplícios faltos do peso que não venceu, e selei suspiros altos para o vosso servo eu: e selei triste tormento, tormento que me atormenta e selei viver contento se de tudo sois contenta. Tradução de José Bento

LÁGRIMA DE PRETA poema de António Gedeão

Encontrei uma preta que estava a chorar, pedi-lhe uma lágrima para a analisar. Recolhi a lágrima com todo o cuidado num tubo de ensaio bem esterilizado. Olhei-a de um lado, do outro e de frente: tinha um ar de gota muito transparente. Mandei vir os ácidos, as bases e os sais, as drogas usadas em casos que tais. Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu-me o que é costume: nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. Água (quase tudo) e cloreto de sódio. António Gedeão

SUPREMO ENLEIO poema de Florbela Espanca

Quanta mulher no teu passado, quanta! Tanta sombra em redor! Mas que me importa? Se delas veio o sonho que conforta, A sua vinda foi três vezes santa! Erva do chão que a mão de Deus levanta, Folhas murchas de rojo à tua porta... Quando eu for uma pobre coisa morta, Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta! Mas eu sou a manhã: apago estrelas! Hás-de ver-me, beijar-me em todas elas, Masmo na boca da que for mais linda! E quando a derradeira, enfim, vier, Nesse corpo vibrante de mulher Será o meu que hás-de encontrar ainda ... FLORBELA ESPANCA

A RECUSA DAS IMAGENS EVIDENTES poema de NATÁLIA CORREIA

Há noites que são feitas dos meus braços E um silêncio comum às violetas. E há sete luas que são sete traços De sete noites que nunca foram feitas. Há noites que levamos à cintura Como um cinto de grandes borboletas. E um risco a sangue na nossa carne escura Duma espada à bainha dum cometa. Há noites que nos deixam para trás Enrolados no nosso desencanto E cisnes brancos que só são iguais À mais longínqua onda do seu canto. Há noites que nos levam para onde O fantasma de nós fica mais perto; E é sempre a nossa voz que nos responde E só o nosso nome estava certo. Há noites que são lirios e são feras E a nossa exactidão de rosa vil Reconcilia no frio das esferas Os astros que se olham de perfil. Natália Correia

ÀS MÃES poema de Vitor Cintra

ÀS MÃES A mãe é, p'ra cada um, O maior ser de excepção, Com lugar no coração, Mais sagrado que nenhum. A mãe, é por mil razões, O padrão do Universo, Mesmo quando controverso Seu saber e decisões. São angústias que supera, Desencantos, até vícios, P'lo carinho que nos tem. Desde o ventre, que nos gera, Não se poupa a sacrifícios, Porque mãe, é sempre Mãe. VITOR CINTRA do livro " ECOS "

AMOR FILIAL de José Maria Lopes de Araújo

AMOR FILIAL É sempre ditosa e feliz Toda a mãe que um filho tem E que viver a vida quis Só para amar sua mãe... Ainda que, um dia, a parca O arranque do seu lar; Na alma da mãe fica a marca Dum amor que não tem par! Mãe, se é grande a tua dor Que se envolve em negro véu ... É bem maior o amor Das filhas que tens no Céu ! JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO do livro " Labaredas "

TU ? ... Poema de José Maria Lopes de Araújo

Tu, E a outra, E mais a outra, E quantas conheci, São todas iguais: - Mulheres …. Só mulheres, Simples, vulgares, banais, E nada, nada mais ! … Só por amar-te, Tanto e tanto, É que eu quisera dar-te - Louco sonhador – Um lar de encanto E arte, E poesia, E amor! … Mas, tu, Que nunca sofreste, Que nunca amaste, Que nunca sentiste a dor, E não choraste, E não conheceste o amor … Quem sabe, se és aquela que passou Há pouco, de mim perto, e que me olhou Como quem compreende o que padeço? - Sei lá! Sei lá ! – Que me importa, lá saber! Apenas sei que há tanto ando a sofrer, Por ti, mulher que adoro e não conheço !... José Maria Lopes de Araújo

BEIJO poema de Manuel Altolaguirre "Espanha"

BEIJO Que só estavas por dentro ! Quando surgi em teus lábios, um rubro túnel de sangue triste e escuro mergulhava até ao fim da tua alma. Quando penetrou meu beijo, seu calor, sua luz davam sobressaltos e tremores à tua carne surpreendida. Desde esse instante os caminhos que levam à tua alma mão queres que estejam desertos. Quantas flechas, peixes, pássaros Quantas carícias e beijos ! Tradução de : José Bento

Poemas oriundos da INDIA do Livro * Rosa do Mundo *

Esta mesma lua ilumina a minha amada O vento acariciou já o seu rosto A lua impregnou-se da sua beleza e o vento do seu perfume. Quem ama de verdade pouco lhe basta para suportar a separação... Que ela e eu respiremos o mesmo ar E que os nossos pés pisem o mesmo chão. Tradução de Jorge Sousa Braga

GOSTO DE GENTE ASSIM autoria de Arthur de Tavola

Gosto de gente com a cabeça no lugar, de conteúdo interno, idealismo nos olhos e dois pés no chão da realidade Gosto de gente que ri chora, se emociona com uma simples carta, um telefonema, uma canção suave, um bom filme, um bom livro, um gesto de carinho, um abraço, um afago. Gente que ama e curte saudades, gosta de amigos, cultiva flores, ama os animais, admira paisagens, poesia e escuta. Gente que tem tempo para sorrir bondade, semear perdão, repartir ternuras, compartilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro de si, emoções que fluem naturalmente de dentro do seu ser! Gente que gosta de fazer coisas que gosta, sem fugir de compromissos difíceis e inadiáveis, por mais desgastantes que sejam. Gente que colhe orienta, se entende, aconselha, busca a verdade e quer sempre aprender, mesmo que seja de uma criança, de um pobre, de um analfabeto. Gente de coração desarmado, sem ódio e preconceitos baratos, com muito amor dentro de si. Gente que erra e reconhece, cai e se levanta, a

" Encanto de Amor " de Atharva-Veda

Encanto de Amor Como a liana enlaça a árvore, enlaça-me também, sê a minha amante e não te afastes de mim! Como a águia ao levantar voo bate no chão com as asas, bato no teu coração: sê a minha amante e não te afastes de mim! Como o sol cinge no mesmo dia o céu e a terra, cinjo o teu coração: sê a minha amante e não te afastes de mim ! Tradução de: Maria Jorge Vilar de Figueiredo

VONTADE DE UM ABRAÇO poema da autoria de Macedo Junior TROVADOR.PR

Dá um abraço? Macedo Junior (TrovadorPR) De repente deu vontade de um abraço... Uma vontade de entrelaço, de proximidade... de amizade... sei lá... Talvez um aconchego amigo e meigo, que enfatize a vida e amenize as dores... Que fale sobre os amores, seja afetuoso e ao mesmo tempo forte. Deu vontade, de poder ter saudade de um abraço. Um abraço que eternize o tempo e preencha todo espaço... Mas que faça lembrar do carinho, que surge, devagarinho, da magia da união dos corpos, das auras... sei lá. Lembrar do calor das mãos, acariciando as costas a dizer: - Estou aqui! Lembrar do enlaçar dos braços, envolventes e seguros, afirmando: - Estou com você!. Lembrar da transfusão de forças, ou até da suavidade do momento... sei lá... Então,pensei em como chamar esse abraço: a braço poesia, abraço força,abraço união, abraço suavidade,abraço consolo e compreensão, abraço segurança e justiça, abraço verdade, abraço cumplicidade? Mas o que importa é a magia deste abraço! A fusão de energias, que h

Não Posso Adiar o Amor poema de" António Ramos Rosa "

Não posso adiar o amor para outro século não posso Ainda que o grito sufoque na garganta ainda que o ódio estale e crepite e arda sob montanhas cinzentas Não posso adiar este abraço que é uma arma de dois gumes amor e ódio Não posso adiar ainda que a noite pese séculos sobre as costas e a aurora imprecisa demore não posso adiar para outro século a minha vida nem o meu amor nem o meu grito de libertação Não posso adiar o coração. ANTÓNIO RAMOS ROSA do Livro " Rosa do Mundo *

do Livro * Rosa do Mundo *

Amor, não sei quem diria amarga a tua doçura: o teu sabor delicia como o da fruta madura. Casa onde a alegria habita, fora mil vezes bendita, contigo, exulto! Quero-te assim, qual tu és: meu coração, a teus pés, rende-te culto. Tradução de Luiz Cardim Reino Unido -(Poeta Anónimo ) Séc. XVI

O MEU DESEJO poema de Florbela Espanca

Vejo-te só a ti no azul dos céus, Olhando a nuvem de oiro que flutua... Ó minha perfeição que criou Deus E que num dia lindo me fez sua! Nos vultos que diviso pela rua, Que cruzam os seus passos com os meus... Minha boca tem fome só da tua! Meus olhos têm sede só dos teus! Sombra da tua sombra, doce e calma, Sou a grande quimera da tua alma E, sem viver, ando a viver contigo... Deixa-me andar assim no teu caminho Por toda a vida, Amor, devagarinho, Até a Morte me levar consigo ... Florbela Espanca

Almada Negreiros " MÃE "

Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei! Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue! verdadeiro, encarnado! Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça! Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede ! Eu prometo saber viajar . Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras. Mãe!Ata as tuas mãos ás minhas e dá um nó cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa. Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça! Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade ! Almada Negreiros (1893-1970) Do Livro " ROSA

BEL poema de " Luís Veiga Leitão "

Hálito de terra depois da chuva: cálida ternura aflorando do lábio Teu corpo leveza que pesa um sabor sábio secreto da Natureza Por isso os bichos te amam em suas falas naturais: os felinos os caprinos e os poetas - bichos marginais Luís Veiga Leitão

" Biografia "Poema de PEDRO HOMEM DE MELO

Com lírios nas mãos de neve, Subi ao último andar, A haver farda, era tão leve Que fui subindo a cantar! E fui subindo, subindo... Só parei no patamar, Abri as portas e janelas Para poder respirar. Tudo o que se via delas Tinha a cor do meu olhar. Da varanda me inclinei, Para medir-lhe o tamanho. Ai! dos vassalos de El-Rei Aos quais El-Rei fica estranho! Lá do alto, cá em baixo, o rio Transformara-se em regato. Reparei que, debruçadas, Sobre o seu leito vazio, Faias, apontando espadas, Lhe exigiam um retrato. Soprou, de súbito, o vento! Varreu a noite a direito, Rindo... Que risada fria! Entanto o solar, ao vento, Erecto fazendo peito, Resistia, resistia... Mas, das brechas do telhado, Água, sôfrega, escorrera. E o torreão do solar - Ameias de pedra ou cera? Era um pássaro assustado Sem asas para voar. Pedro Homem de Mello (1904-1984)

CANÇÃO poema de Madagascar do Livro * Rosa do Mundo *

És uma fruta dourada, uma banana madura. Se uma borboleta te roça, eu não me afasto de ti. - Todo aquele que morre por amor de sua amada é um pequeno caimão que a própria mãe devora, e que regressa ao ventre de que tem toda a ciência. Versão : Herberto Helder

Tarde de Mais... FLORBELA ESPANCA

Quando chegaste enfim, para te ver Abriu-se a noite em mágico luar; E para o som de teus passos conhecer Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar... Chegaste, enfim! Milagre de endoidar! Viu-se nessa hora o que não pode ser: Em plena noite, a noite iluminar E as pedras do caminho florescer! Beijando a areia de oiro dos desertos Procurara-te em vão! Braços abertos, Pés nus, olhos a rir, a boca em flor! E há cem anos que eu era nova e linda!... E a minha boca morta grita ainda: Porque chegaste tarde, ó meu Amor?!... Florbela Espanca

JOSÉ ANDRADE " Uma Ilha é Um Barco "

Uma ilha é um barco Ancorado Que estremece ardentemente Nas tempestades da vida. Uma ilha é um barco Ancorado Na espera desesperante De um destino esquecido. Uma ilha é um barco Ancorado Onde o Mundo Moderno Descansa, fatigado. Uma ilha é um barco Somente Mas um barco celeste Que com o mundo equilibra O sentido da vida E a vida sentida. Uma ilha é um barco Uma ilha é um mundo. Jun/83 José Andrade P. Delgada - Ilha de S.Miguel - Açores Do livro " Semente "

A NOSSA CASA poema de Florbela Espanca

A nossa casa, Amor, a nossa casa! Onde está ela, Amor, que não a vejo? Na minha doida fantasia em brasa Constrói-a, num instante, o meu desejo! Onde está ela, Amor, a nossa casa, O bem que neste mundo mais invejo? O brando ninho aonde o nosso beijo Será mais puro e doce que uma asa? Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos, Andamos de mãos dadas, nos caminhos Duma terra de rosas, num jardim, Num país de ilusão que nunca vi... E que eu moro - tão bom! - dentro de ti E tu, ó meu Amor, dentro de mim... Florbela Espanca

LAMENTO AMOROSO Poema oriundo da Amazónia do Livro * Rosa do Mundo *

Não quero mulher que tenha muito delgadas as pernas, como venenosas serpes, de medo que elas me apertem. Não quero mulher que tenha muito comprido o cabelo, um molho de ervas espesso onde acaso eu me perca. Quando sem vida me veres, sobre o meu corpo não choraes; deixa que a águia ao ver-me seja a única que me chore. Quando sem vida me veres, deita-me á floresta negra: o tatu há-de vir ver a cova onde meter-me Versão : Herberto Helder

AS PUTAS DA AVENIDA poema de Fernando Assis Pacheco

Eu vi gelar as putas da Avenida ao griso de Janeiro e tive pena do que elas chamam em jargão a vida com um requebro triste de açucena. Vi-as às duas e às três falando como se fala antes de entrar em cena o gesto já compondo à voz de mando do director fatal que lhes ordena. Essa pose de flor recém- cortada que para as mais batidas não é nada senão fingirem lírios de Lorena Mas a todas o griso ia aturdindo e eu que do trabalho vinha vindo calçando as luvas senti pena. Do Livro * Rosa do Mundo *

AFASTA DE MIM ESSES LÁBIOS do livro * Rosa do Mundo *

AFASTA DE MIM ESSES LÁBIOS Guarda para ti esse beijo Menina virgem dos dentes brancos! Nesse teu beijo eu gosto não acho Longe de mim guarda teus lábios. Mais doce que o mel um beijo eu tive Do mulher casada que o deu por amor. Até que se acabem o mundo e os dias Beijo de gosto só esse terei; esse não outro. Até que a veja tal como é em sua pessoa Por obra e por graça do filho de Deus Outras mulheres novas e velhas não hei-de amar Pois que o seu beijo é como é, foi e será. Poema Cultura celta ( irlandês) Séc. XVI/XVI Poeta ANÓNIMO Tradução de José Domingos Morais

FERNANDO MONTEIRO DA CÂMARA PEREIRA poema " D.IV"

Se sou o poeta perdido no nada poderei parar o tempo perdido e o tempo que vem como se pára o vento como se pára o universo-deus Porque o poeta é o infinito onde a gota de água... calada assume a dimensão dum universo Se sou o poeta do nada poderei sonharãté ao intangivel e ver o universo aos pés do Nada Se sou o poeta que sofre então meterei o universo na gota de água ... da manhã da esperança Março 1981 Fernando Monteiro do Livro " Mar Branco "

*A DOR DA SEPARAÇÂO * Poema de Maruyama Kaoru - Japão

Pousada numa âncora, uma gaivota pia, De súbito, sem uma palavra, a âncora desliza, Surpreendida, a gaivota levanta voo, Em breve, a âncora empalidece na água, afundando-se. E o que a gaivota sente torna-se um grito bravio, triste, Perdido no vento. Tradução de: José Alberto Oliveira Do Livro * ROSA DO MUNDO *

* RECINTO * poema de Carlos Pellicer - México

Onde porei o ouvido que não escute minha voz a chamar-te? E onde não escutar este silêncio que te afasta lentamente triste? Eu caminho as horas presenciadas em nós por nós os dois. Sei desse fruto maduro das vozes em campos de Setembro. Sei da noite esbelta e já tão nua em que os nossos corpos eram um. Sei do silêncio perante a gente obscura, de calar este amor que é de outro modo. Enquanto chove a ausência liberto a escravidão de carne e a alma só no ar suspende sua águia amorosa que as nuvens pacíficas igualam. Tradução de : José Bento do Livro * ROSA DO MUNDO *

* NÃO CHORO... * poema de José Gomes Ferreira do Livro " ROSA DO MUNDO "

A dor não me pertence. Vive fora de mim, na natureza, livre como a electricidade. Carrega os céus de sombra, entra nas plantas, desfaz as flores... Corre nas veias do ar, atrai nos abismos, curva os pinheiros... E em certos momentos de penumbra iguala-me à paisagem, surge nos meus olhos presa a um pássaro a morrer no céu indiferente. Mas não choro. Não vale a pena! A dor não é humana. José Gomes Ferreira

António Botto " CANÇÃO " do Livro * ROSA DO MUNDO *

CANÇÃO S e fosses luz serias a mais bela De quantas há no mundo : - a luz do dia ! - Bendito seja o teu sorriso Que desata a inspiração Da minha fantasia ! Se fosses flor serias o perfume Concentrado e divino que perturba O sentir de quem nasce para amar ! - Se desejo o teu corpo é porque tenho Dentro de mim A sede e a vibração de te beijar! Se fosses água - música da terra, Serias água pura e sempre calma! - Mas de tudo o que possas ser na vida, Só quero, meu amor, que sejas alma ! ANTÓNIO BOTTO (1897-1959)

HORAS RUBRAS de Florbela Espanca - do Livro * ROSA DO MUNDO *

HORAS RUBRAS Horas profundas, lentas e caladas, Feitas de beijos, sensuais e ardentes, De noites de volúpia, noites quentes Onde há risos de virgens desmaiadas… Ouço as olaias rindo desgrenhadas… Tombam astros em fogo, astros dementes. E do luar os beijos languescentes São pedaços de prata pelas estradas… Os meus lábios são brancos como lagos… Os meus braços são leves como afagos, Vestiu-os o luar de sedas puras … Sou chama e neve branca e misteriosa… E sou, talvez na noite voluptuosa, Ó meu Poeta, o beijo que procuras ! Florbela Espanca (1894-1930)

* A PALAVRA IMPOSSÍVEL * poema de Adolfo Casais Monteiro

Deram-me o silêncio para eu guardar dentro de mim A vida que não se troca por palavras. Deram-mo para eu guardar dentro de mim As vozes que só em mim são verdadeiras. Deram-mo para eu guardar dentro de mim A impossível palavra verdade. Deram-me o silêncio como uma palavra impossível, Nua e clara como o fulgor duma lâmina invencível, Para eu guardar dentro de mim, Para eu ignorar dentro de mim A única palavra sem disfarce - A palavra que nunca se profere. ADOLFO CASAIS MONTEIRO do Livro * Rosa do Mundo * 2001 Poemas para o Futuro

A MINHA AMANTE TEM AS VIRTUDES DA ÁGUA do Poeta Francês * VICTOR SEGALEN * - Do Livro " ROSA DO MUNDO " 2001 poemas

A MINHA AMANTE TEM AS VIRTUDES DA ÁGUA A minha amante tem as virtudes da água : um sorriso claro, os gestos fluentes, uma voz pura que canta gota a gota. - E por vezes, - sem querer – um fogo passa pelo meu olhar, sabe como ateá-lo estremecendo : água tirada sobre as brasas . Minha água viva, ei-la derramada, toda, sobre a terra! Foge-me, desliza; - e tenho sede , e corro atrás dela. Com minhas mãos formo uma taça. Com minhas duas mãos embriagado estanco-a, estreito-a, levo-a aos lábios : E trago uma mão cheia de lama. Tradução de Filipe Jarro França VICTOR SEGALEN (1878-1919)

Poema de JOÃO DE DEUS * A VIDA * (Excerto)

A VIDA (Excerto) A vida é o dia de hoje, A vida é ai que mal soa, A vida é sombra que foge, A vida é nuvem que voa; A vida é sonho tão leve Que se desfaz como a neve E como o fumo se esvai: A vida dura um momento, Mais leve que o pensamento, A vida leva-a o vento, A vida é folha que cai! A vida é flor na corrente, A vida é sopro suave, A vida é estrela cadente, Voa mais leve que a ave; Nuvem que o vento nos ares, Onda que o vento nos mares, Uma após outra lançou, A vida - pena caída Da asa de ave ferida - De vale em vale impelida A vida o vento a levou JOÃO DE DEUS (1830-1896) Do livro * ROSA DO MUNDO * 2001 Poemas para o Futuro

* OS AMANTES APARTADOS * de Isobel, Condessa de Argyll

OS AMANTES APARTADOS Eu sei de um jovem que é meu desejo. Oh Rei dos Reis ! Fazei que ele venha sem mais demora. Eu só o quero bem enlaçado contra o meu seio Com o seu corpo bem apoiado na minha pele. Se a vida fosse como eu a quero Longe de mim e eu longe dele nunca seríamos. Sinais não vejo da sua chegada E ele não sabe como eu o quero e é meu desejo. No mundo não há maior tristeza que nós os dois Pois o seu barco voga e navega longe de casa No seu caminho do oriente; minha morada é ocidente. Eu o desejo e ele me quer e a vida é desejos vãos. Tradução de José Domingos Morais Do Livro * ROSA DO MUNDO *

* OFICÍO DO AMOR * de Joan Salvat - Papasseit - Do Livro * ROSA DO MUNDO *

OFÍCIO DE AMOR Se conheces o prazer, não escatimes o beijo Pois o prazer de amar não comporta medida. Deixa-te beijar e beija tu depois, Que nos lábios sempre é onde o amor perdura. Não beijes, não, como o escravo e o crente, Mas como o viandante à fonte oferecida. Deixa-te beijar – ardente sacrifício – Quanto mais queima mais fiel é o beijo. Que terias feito se tu morresses antes, Sem mais fruto do que a aragem no rosto? Deixa-te beijar, e no peito, nas mãos - amante ou amada – a taça muito alta. Quando beijes, bebe, o copo sare o medo: Beija no pescoço, o sítio mais formoso. Deixa-te beijar, E se ainda te apetece Beija de novo, pois a vida é contada. Tradução de : JOSÉ BENTO Catalunha JOAN SALVAT – PAPASSEIT (1894-1924)

POEMAS DE AMOR do Livro " A Rosa do Mundo "

ELE : Quando embriagada pelo doce vinho viu os arranhões de amor que ela mesma me infligira partiu ofuscada pelo ciúme Tomando-a pela franja do seu sari detive-a ... Como esquecê-la quando me disse : “ Deixa-me,deixa-me! ” olhando para trás os olhos cheios de lágrimas os lábios tremendo de despeito O POETA : Os amantes arrastados pela torrente do seu amor e contidos pelo dique das pessoas mais velhas da casa estão ainda juntos mas não podem satisfazer os seus desejos Imóveis como se tivessem sido pintados bebem o néctar da paixão com que os brindam os negros lótus dos seus olhos ELA A UMA AMIGA: Quando o meu amante se deitou a meu lado por si só se desprendeu o meu cinto e mal suspenso da cintura o vestido deslizou-me pelos quadris É a única coisa que sei pois mal senti o contacto do seu corpo de tudo me esqueci: de quem era ele de quem era eu de como foi o nosso prazer ELE : Esmagados contra o meu peito os seus seios estremecem. Entre as suas coxas flui a seiva doce do amor... “ N

Vinicius de Moraes * SONETO DO AMOR TOTAL *

SONETO DO AMOR TOTAL Amo-te tanto, meu amor... não cante, O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante, Numa sempre diversa realidade. Amo-te afim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade, Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente, De um amor sem mistério e sem virtude, Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde, É que um dia em teu corpo de repente, Hei de morrer de amar mais do que pude Vinicius de Moraes

SIDONIO BETTENCOURT " MÚSICA CELESTIAL "

O vento consome-se. Deleita massacres mensagens atlânticas com orquestras de mil e tal violinos. É o ciclone a enraizar invernias cuspido das latitudes as muitas sinfonias. O berço. O arpão no rasgo das rotas caça o maestro dono da ilha. Da casa. Leva o tecto do mar. O bafo das cagarras. O desafino. Levamos nos olhos o transporte. A carícia das mãos no corpo da rocha. A baleeira no canal à deriva. O vento consome-se com. Some-se. Deleita massacres mensagens atlânticas com orquestras de mil e tal violinos. O esqueleto do mar rocha abaixo sem estaleiro. O que vai ser disto? Outra vez o rumo a destriur o leme e o cardume no colo do xaile. Outra vez outra voz a promessa adiada. Sidónio Bettencourt Do livro " Deserto de Todas as Chuvas "

MÃE do poeta JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO

A minha Mãe É ela quem me afaga com carinho, Nos felizes momentos de ventura! É ela quem me fala de mansinho, Nas horas de tristeza e de amargura! E, junto dela, quanta vez, sonhando, Na minha infância alegre acalentei Tanta ilusão que o tempo foi gastando… Sonhos de amor que nunca mais sonhei! Ter mãe é ter na vida amparo e crença, E rumo e fé! É ver uma alvorada, Rompendo mansa a treva negra e densa Da noite da nossa alma torturada! … ********************** JOSÉ MARIA LOPES DE ARAUJO do Livro " Noite de Alma "

NATÁLIA PAIVA poema " Criança "

Criança ... De encantadora inocência Olhar lindo, Repleto de ternura, Se me olhas assim, Eu choro! Abraça-me! Rodeia-me com teus bracinhos trémulos, Tão fortes na tua candura... Afaga-me! Deixa-me penetrar em teu mundo; Deixa-me aquecer meu coração arrefecido Pequenina, Como és grande para mim! Em meu regaço, Não sou eu que te afago, Que te acarinho, Que te rodeio de amor, Não permitindo que o teu mundo Seja perturbado pelos grandes ! ... Por um minuto, deixa-me pensar Que serás sempre criança ; Que não terás de deixar O teu mundo pequenino Para trilhar O ignoto turbilhão da vida ! ... Pequenina, afaga-me! Porque de nós dois, sou a grande Embora criança também. Aperto-te contra mim, Tão pequenina em meus braços; Tão pequenina, que te embalo E aperto-te muito...muito ! Mas gritas ... Magoei-te ! Vês ? Sou grande ! Sou egoista ! Apertei-te e tu choras-te. Eu choro ainda ... E afinal pequenita, A criança ... sou eu ! De Natália Paiva - Ilha de S. Maria - Açores Do Livro de ADRIANO FERR

SIDÓNIO BETTENCOURT " Sem Resposta"

Já não quero ser brumaça com tentáculos nas mãos do fogo mas folha renascida brilho prata entre trigo repartido. De que lado moras tu? na presença abandonada dos raios da lua ou na serpente envenenada dos maios da rua ? Eu habito aqui. E tu porque partes se nos beijos do mar há canções algemadas no sonho diluídas? Eu quero ficar. Encher de verdade os gritos e transbordar as mãos caladas de infinitos. Sidónio Bettencourt Do livro " Deserto de Todas as Chuvas "
OS 5 BLOGS QUE ME FAZEM PENSAR '5 Blogs That Make Me Think' Sinto-me duplamente honrada e muito feliz, pelo amigo do blog LIVROS E AUTORES , se ter lembrado de nomear os meus dois blogs, como dois dos " CINCO BLOGS QUE ME FAZEM PENSAR ". Ao autor do blog LIVROS E AUTORES , o meu agradecimento, pelas escolhas do : ALMA DE POETA e A POESIA DE VITOR CINTRA É uma missão ingrata ter de nomear 5 blogs, pois que existem muitos que gosto de ler. Tendo de optar, fiz as seguintes escolhas : EU SEI QUE VOU TE AMAR AFECTOS E PALAVRAS ( Poemário de Daniel Gonçalves ), poeta residente na ilha de S. Maria nos AÇORES BELEZAS MARIENSES Um blog de divulgação de belíssimas paisagens da minha ilha, Santa Maria - AÇORES DE PROPÓSITO WHEN A MAN LOVES A WOMAN Os autores dos blogs que nomeei devem copiar o selo correspondente e afixá-lo na barra lateral dos seus blogs. De seguida devem nomear os cinco blogs que escolheram e fazer um post a nomeá-los. Beijo a todos Isabel

Poema da Drª. Conceição Baptista - Ilha de S. Maria - Açores

Angústia dourada Nesse poente cálido nunca visto E uma ânsia incerta No horizonte apodrecido De meus sonhos Imprecisão vazia a soluçar. A tempestade ... a atmosfera hostil em que revolvo No caos, na dor, na indiferença... Que me importa esse doirado perdido A caminhar Se ... eu não sei a cor da minha crença. ***** Ah! este sabor a pedras Que afinal nada diz Estes sons que chegam longínquos Como de um abismo de sonho e pesadelo Apressam-se as sombras Sem deuses nem gritos Perpassam os nadas Baixinho aos pares E sinto tremer o caos e a terra E sinto tremer tuas mãos e meus sonhos E sinto tremer este mar que me invade Ah! este sabor a pedras Não passa... não passa... Poema de Conceição Baptista div> do livro de ADRIANO FERREIRA " Musas da Minha Terra "

" ADORAÇÃO " poema de " João de Deus "

ADORAÇÃO Vi o teu rosto lindo, Esse rosto sem par; Contemplei-o de longe mudo e quedo, Como quem volta do áspero degrêdo, E vê ao ar subindo O fumo do seu lar! Vi esse olhar tocante, De um fluido sem igual; Suave como lâmpada sagrada. Benvindo como a luz da madrugada Que rompe ao navegante Depois do temporal! Vi esse corpo de ave, Que parece que vai Levado como o Sol ou como a Lua Sem encontrar beleza igual à sua; Magestoso e suave, Que surpreende e atrai! Atrai e não me atrevo A contemplá-lo bem; Porque espalha o teu rosto uma luz santa, Uma luz que me prende e que me encanta Naquele santo enlevo De um filho em sua mãe! Tremo apenas pressinto A tua aparição, E só se me aproximasse mais, bastava Pôr os olhos nos teus, ajoelhava! Não é amor o que eu sinto, É uma adoração! Que as asas providentes Do anjo tutelar Te abriguem sempre à sua sombra pura! A mim basta-me só esta ventura De ver que me consentes Olhar de longe... olhar! João de Deus

EMANUEL FÉLIX " Um Homem Pode Amar Uma Pedra "

(Fotografia de Joel Santos ) Um homem pode amar uma pedra ...Mas se um homem lhe der para amar uma pedra não seja uma pedra e mais nada mas uma pedra amada por um homem Do livro de Sidónio Bettencourt " Deserto de Todas as Chuvas "

FERNANDO MONTEIRO DA CÂMARA PEREIRA poema " Encontrei o Norte em Ti..."

Oh insula alada Que prenhas de certezas a ventura do meu ser em amor e em querer Que me prestas amorosa no teu seio em vaso todo o meu ser da vida ao horizonte Porque fazes renascer sem certeza do porvir em nova esperança em mim ? Uma ilha nova ! Fernando Monteiro Poeta da Ilha de S. Maria - Açores do livro " MAR BRANCO "

Emigrantes de Ontem e de Hoje

Transcrevo texto opinião do blog que habitualmente visito RESISTIR Um texto que nos faz parar e reflectir . --------------------------------------------------------------- A Região mais triste de Portugal (linguagem pouco cuidada) Sónia, que nasceu em 1977, é muito doente. Com o marido e os filhos emigraram ilegalmente para o Canadá em 2000 ou 2001. Em busca do sonho. Do sonho de quase tudo. Pobres, filhos de pobres deixaram os Açores para fugir a uma miséria que as autoridades regionais vergonhosamente ignoram e a sociedade civil finge ser conversa de académicos ou estatísticas de gente que não concorda com a mediocridade do governo açoriano. A miséria destes açorianos honrados não é diferente da miséria de muitos outros. Miséria absoluta, quero dizer, envergonhada, com a falta de oportunidades, que respira e se alimenta à sombra da inevitabilidade do velho destino açoriano das classes sociais, favores e temores a Deus. Miséria, digo ainda, que se auto-sustenta de gera

JOSÉ ANDRADE " Estrada da Vida "

E no silêncio da noite Se perdem as passadas Largas e pesadas E fortes... mas inseguras. O relógio Em contratempo Marca o Tempo. Um tempo que passa A cada passo E que não volta nunca. Talvez por isso se ouvem ainda Passadas na estrada. Nesta curta estrada A percorrer Sem correr Mas a crer Que cada passo que nela passa Passará para a Eternidade ! José Andrade S.Miguel - Açores Do livro " SEMENTE "

SIDÓNIO BETTENCOURT " Confidência "

Nunca tive pátria, outro rio, outra casa, outra rua, nunca tive outra terra, outro mar, outra mãe, outra mulher, nunca tive Outra coisa qualquer ... Sidónio Bettencourt Do Livro " Deserto de Todas as Chuvas "

Poema de " Bruno Valter Garcia Ferreira "

Quis Deus que ao sol nascente te voltasses E do cimo dos cumes tão altivos Do mar, em forte abraço, ali tombasses Preso de meigos beijos e cativos; E que de verde parra te adornasses E fossem tantos mais os teus motivos, Que gigantesco teatro aparentasses Quer a estranhos, quer a teus nativos. S.Lourenço - ó minha linda baía - Nas luarentas noites de estio, Tudo e todos envolves em magia. Sobem no ar cantigas de alegria; Cantam cagarros em estranho cio Mas tudo tem um quê de nostalgia ! Poema do Dr. Bruno Ferreira Um Mariense ,residente da ilha Terceira- Açores Do Livro de ADRIANO FERREIRA " As Musas da Minha Terra "